terça-feira, 16 de outubro de 2012

"Sim, eu sou gaúcho!" Publicado na Revista Feitoria Lomba Grande

Este texto é de autoria de Giovanna Zoppas Pierezan e Cireneu Pierezan, e foi publicado na edição de Setembro da Revista Feitoria Lomba Grande. Confira o site da Revista: http://revistafeitoria.com.br/. Leia a Revista do mês de setembro: Revista Feitoria Lomba Grande - Setembro 2012.
O Grupo Candeeiro é responsável por uma página nesta Revista desde a sua segunda edição. Confira.

"Sim, eu sou gaúcho!
O mês de setembro, além de ter passado “voando”, como se costuma dizer, veio recheado de datas importantes. A chegada da primavera floriu e abençoou o coração das prendas e peões de todas as faixas-etárias, credos, religiões, raças... Ilustrando uma mistura de culturas, originou-se o Povo Gaúcho. Povo de raça forte, civismo, amor ao Pago, orgulho da Terra natal e expressões culturais das mais diversas!
“Das léguas de liberdade não resta um palmo de terra!”, citou Jayme Caetano Braum em um de seus ilustres poemas. Em pleno século XX - mais precisamente, 1947 – a identidade gaúcha chegou ao auge do esquecimento, abandono. A única manifestação cultural, não de pouca valia, mas que pouco importava para o povo, era a homenagem aos farroupilhas, onde era acesa, no Vinte de Setembro de cada ano, uma Pira em frente ao Monumento de Bento Gonçalves, em Porto Alegre. Em suma: não repercutia de forma a avivar o sentimento pátrio e a conscientização das pessoas do enfraquecimento de nossas raízes. Este enfraquecimento aconteceu principalmente por consequência da Segunda Guerra Mundial. Após o término da mesma, o mundo inteiro reconheceu os Estados Unidos como potência militar. A partir de então, influenciaram-nos com sua cultura do jeans, rock in roll, coca-cola. Nossos jovens passaram a negligenciar nossos costumes para aderir aos deles. Eis que alumia a esperança de “reagauchar” o Rio Grande: Jovens fundaram, junto ao grêmio estudantil do Colégio Júlio de Castilhos, um piquete em defesa às tradições e em prol da propagação de nossa cultura. De suas reuniões nasceram grandes ideias, pois havia um candeeiro alumiando o civismo dentro de cada um.
“Naquele ano de 1947, a Liga de Defesa Nacional, presidida pelo Major Darci Vignoli incluiu na programação alusiva à Semana da Pátria, a transladação dos restos mortais do General Farroupilha David Canabarro, de Sant’Ana do Livramento para o Panteão da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Para este acontecimento tão importante, entendeu o Major Vignoli que era do maior significado cívico que a guarda de honra fosse composta por uma representação de gaúchos tipicamente trajados, que traduzisse a alma da terra e o espírito farroupilha. Pessoas que lembrassem os tempos gloriosos dos nossos estancieiros e suas peonadas, que enfrentaram durante 10 anos todo o Império.”
João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, líder juvenil do levante das características culturais de nosso Estado, juntamente de outros sete jovens de costumes preservativos do homem do campo, vindos de cidades interioranas, que, apesar de ter de se acostumar com os hábitos citadinos, sentiam saudade de seus valores aprendidos na infância, suas raízes, fizeram o translado dos restos mortais de David Canabarro junto aos oficiais.
Estes jovens tinham de 18 a 20 anos. Estudantes do colégio Júlio de Castilhos, integrantes do que chamaram de Piquete da Tradição, solicitaram ao Major Vignoli a retirada de uma centelha da Pira da Pátria que era acesa anualmente frente ao Monumento de Bento Gonçalves, destinada ao “Julinho”. Fizeram então a primeira Ronda Gaúcha. Durante a noite do dia 20 de setembro deste ano, aconteceu o Primeiro Baile Gaúcho. E as festividades deram origem às atuais tertúlias, que visam explorar o Tradicionalismo em sua área cultural e artística.
No início, era correr riscos sair de bombacha pela rua. As ofensas eram realmente tamanhas. O início de um movimento organizado é louvável, por sua dificuldade. Por isso devemos aclamar aos que pelearam por nós e pela causa maior do que hoje veio a se tornar o Movimento Tradicionalista Gaúcho, maior movimento cívico-cultural do mundo. Há boatos de que estaríamos começando a perder para a China. Para que mantenhamos nossa força e sejamos aclamados e admirados mundialmente, devemos conservar a verdadeira simbologia da Chama Crioula, dos Festejos Farroupilhas e de nossa história. É na Semana Farroupilha que o Rio Grande olha para nós, Tradicionalistas. É lá que devemos honrar o fio do bigode, PRESERVAR A TRADIÇÃO (que fique claro que porres e comilanças não qualificam o gaúcho, e que isso não pode rotular o Tradicionalismo Gaúcho). A tradição, a cultura, a alma de nosso povo está em nossas danças, declamações, cantorias, cavalgadas. Isto é lindo! Esta é a razão, a causa pela qual lutamos. É o que deve ser preservado, mostrado e demonstrado, integrando e agregando interessados e amantes da cultura gaúcha!
“A Chama Crioula é o fogo que simboliza fertilidade, calor, claridade, ardor, paixão, hospitalidade e coragem. Simboliza, enfim, a Tradição Gaúcha. Representa o gaúcho idealizado no espírito heroico dos Farroupilhas, com os ideais de justiça e liberdade, visando a aproximação dos povos.”
Não deixemos, jamais, que a chama de nossos corações se apaguem! Nem o minuano é capaz de fazer desabar nossos sonhos, nossa esperança, nosso amor ao Chão!"

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