Este texto é de autoria de Giovanna Zoppas Pierezan e Cireneu Pierezan, e foi publicado na edição de Setembro da Revista Feitoria Lomba Grande. Confira o site da Revista: http://revistafeitoria.com.br/. Leia a Revista do mês de setembro: Revista Feitoria Lomba Grande - Setembro 2012.
O Grupo Candeeiro é responsável por uma página nesta Revista desde a sua segunda edição. Confira.
"Sim, eu sou gaúcho!
O mês de setembro, além de ter
passado “voando”, como se costuma dizer, veio recheado de datas importantes. A
chegada da primavera floriu e abençoou o coração das prendas e peões de todas
as faixas-etárias, credos, religiões, raças... Ilustrando uma mistura de
culturas, originou-se o Povo Gaúcho. Povo de raça forte, civismo, amor ao Pago,
orgulho da Terra natal e expressões culturais das mais diversas!
“Das léguas de liberdade não resta um
palmo de terra!”, citou Jayme Caetano Braum em um de seus ilustres poemas. Em
pleno século XX - mais precisamente, 1947 – a identidade gaúcha chegou ao auge
do esquecimento, abandono. A única manifestação cultural, não de pouca valia,
mas que pouco importava para o povo, era a homenagem aos farroupilhas, onde era
acesa, no Vinte de Setembro de cada ano, uma Pira em frente ao Monumento de
Bento Gonçalves, em Porto Alegre. Em suma: não repercutia de forma a avivar o
sentimento pátrio e a conscientização das pessoas do enfraquecimento de nossas
raízes. Este enfraquecimento aconteceu principalmente por consequência da
Segunda Guerra Mundial. Após o término da mesma, o mundo inteiro reconheceu os
Estados Unidos como potência militar. A partir de então, influenciaram-nos com
sua cultura do jeans, rock in roll, coca-cola. Nossos jovens passaram a negligenciar
nossos costumes para aderir aos deles. Eis que alumia a esperança de “reagauchar”
o Rio Grande: Jovens fundaram, junto ao grêmio estudantil do Colégio Júlio de
Castilhos, um piquete em defesa às tradições e em prol da propagação de nossa
cultura. De suas reuniões nasceram grandes ideias, pois havia um candeeiro
alumiando o civismo dentro de cada um.
“Naquele ano de 1947, a Liga de
Defesa Nacional, presidida pelo Major Darci Vignoli incluiu na programação
alusiva à Semana da Pátria, a transladação dos restos mortais do General
Farroupilha David Canabarro, de Sant’Ana do Livramento para o Panteão da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. Para este
acontecimento tão importante, entendeu o Major Vignoli que era do maior
significado cívico que a guarda de honra fosse composta por uma representação
de gaúchos tipicamente trajados, que traduzisse a alma da terra e o espírito
farroupilha. Pessoas que lembrassem os tempos gloriosos dos nossos estancieiros
e suas peonadas, que enfrentaram durante 10 anos todo o Império.”
João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes,
líder juvenil do levante das características culturais de nosso Estado,
juntamente de outros sete jovens de costumes preservativos do homem do campo,
vindos de cidades interioranas, que, apesar de ter de se acostumar com os
hábitos citadinos, sentiam saudade de seus valores aprendidos na infância, suas
raízes, fizeram o translado dos restos mortais de David Canabarro junto aos
oficiais.
Estes jovens tinham de 18 a 20 anos.
Estudantes do colégio Júlio de Castilhos, integrantes do que chamaram de
Piquete da Tradição, solicitaram ao Major Vignoli a retirada de uma centelha da
Pira da Pátria que era acesa anualmente frente ao Monumento de Bento Gonçalves,
destinada ao “Julinho”. Fizeram então a primeira Ronda Gaúcha. Durante a noite
do dia 20 de setembro deste ano, aconteceu o Primeiro Baile Gaúcho. E as
festividades deram origem às atuais tertúlias, que visam explorar o
Tradicionalismo em sua área cultural e artística.
No início, era correr riscos sair de
bombacha pela rua. As ofensas eram realmente tamanhas. O início de um movimento
organizado é louvável, por sua dificuldade. Por isso devemos aclamar aos que
pelearam por nós e pela causa maior do que hoje veio a se tornar o Movimento
Tradicionalista Gaúcho, maior movimento cívico-cultural do mundo. Há boatos de
que estaríamos começando a perder para a China. Para que mantenhamos nossa
força e sejamos aclamados e admirados mundialmente, devemos conservar a
verdadeira simbologia da Chama Crioula, dos Festejos Farroupilhas e de nossa
história. É na Semana Farroupilha que o Rio Grande olha para nós,
Tradicionalistas. É lá que devemos honrar o fio do bigode, PRESERVAR A TRADIÇÃO
(que fique claro que porres e comilanças não qualificam o gaúcho, e que isso
não pode rotular o Tradicionalismo Gaúcho). A tradição, a cultura, a alma de
nosso povo está em nossas danças, declamações, cantorias, cavalgadas. Isto é
lindo! Esta é a razão, a causa pela qual lutamos. É o que deve ser preservado,
mostrado e demonstrado, integrando e agregando interessados e amantes da
cultura gaúcha!
“A Chama Crioula é o fogo que simboliza
fertilidade, calor, claridade, ardor, paixão, hospitalidade e coragem.
Simboliza, enfim, a Tradição Gaúcha. Representa o gaúcho idealizado no espírito
heroico dos Farroupilhas, com os ideais de justiça e liberdade, visando a
aproximação dos povos.”
Não deixemos, jamais, que a chama de nossos
corações se apaguem! Nem o minuano é capaz de fazer desabar nossos sonhos,
nossa esperança, nosso amor ao Chão!"
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